O genro, o amoroso genro.
Na reunião com a Enfermeira-chefe daquele serviço, ficámos a saber que a visita ia ser dura.
“Temos muitos casos de demências, casos complexos, muitas velhinhas tristes e com quadros de depressão” – disse a Enfermeira.
“Na cama 9 temos um caso especial. A senhora tem 91 anos e não fala com ninguém. Comunica apenas com o genro. Ele vem visitá-la todos os dias. Ela não fala connosco e é muito difícil saber da situação dela. Ela está sempre fechada em si e com ar duro e pesado.”
“E há algo que nos possa sugerir para a abordarmos?” – perguntámos.
“Sinceramente não sei. Ela está aqui há meses e não fala com as colegas do quarto, não fala com Enfermeiros….nem com o médico. Só comunica com o genro.”
Começámos a visita.
Realmente havia casos muito duros. Em todos os quartos havia situações delicadas do ponto de vista clínico e de saúde mental.
Muita tristeza e muita, muita solidão.
Chegámos finalmente ao quarto da senhora da cama 9.
Encontrámos 4 senhoras: uma muito alegre, faladora; uma velhinha com ar tão doce e frágil, ouvia muito mal mas era super simpática e atenciosa. Estava a almoçar, sentada na poltrona, na companhia de uma Enfermeira.
A senhora da cama 9 estava deitada. Em silêncio e com um ar de quem não nos ia dizer nada. “Estou aqui, deixem-me!”
Interagimos com todas e todas foram super simpáticas, cantámos 2 músicas tradicionais mas ela “nem ai, nem ui”.
Até que entrou o genro… com um saco enorme na mão.
Um senhor super alegre.
Apesar de estar de máscara, todo ele era sorriso e doçura.
Cumprimentou a sogra e foi junto de cada uma das outras senhoras desejar bom dia, saber como estavam.
Que ser humano lindo!
Todas no quarto o conheciam e todas receberam muito dele.
Todas elas ficaram felizes por vê-lo. Que bondade.
Conversou com todas, com tempo, com atenção e carinho.
Sabia o nome de todas e todas sabiam muitas coisas da vida dele.
Chegou junto da sogra, fez festinhas no rosto, penteou-a e começaram a falar. O olhar dela mudou. Ele tinha chegado!
Sempre com doçura, sempre atento a todas na sala e a nós.
Depois começou a arrumar tudo o que trazia no cacifo e meteu no saco a roupa suja.
Que cavalheiro, que bondade para todos e todas.
A bondade, a generosidade, o carinho e a atenção do “genro” explicava tudo.
O mundo precisa de mais pessoas assim. Pessoas que dão tudo, pessoas que estão presentes e atentas… pessoas que cuidam!
Cuidar é amar e o Genro encheu aquele quarto e as 4 princesas de sorrisos, de atenção, carinho, bondade e disponibilidade.
Palhaços d’ Opital, a mais bela profissão do mundo.
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